Saída

Santa Casa busca empréstimo de R$ 60 milhões

Semana começa com funcionários em greve e uma audiência na Justiça do Trabalho maracada para às 14h desta terça-feira

Jô Folha -

A administração da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas aguarda, até o final deste mês, a sinalização positiva do Banrisul para o empréstimo de R$ 60 milhões. O recurso, com tratativas já em andamento entre as instituições, é apontado como a solução para a crise financeira vivida pelo hospital, que acumula dívida superior aos R$ 87 milhões. Esta segunda-feira foi o terceiro dia de greve dos funcionários, que até agora receberam 24% dos salários de julho e estão sem o benefício do vale-transporte.

Está marcada para esta terça-feira (20), às 14h, a primeira audiência entre o Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde (Sindisaúde) e direção do hospital na Justiça do Trabalho. Os funcionários permanecem em vigília em frente à Santa Casa desde a noite da última sexta-feira.

Nas conversas entre os colegas, temas como cortes de luz, perda de financiamento de apartamento, despejo de aluguel já se tornaram habitual. Na administração, a justificativa para o constante parcelamento é a falta de recursos. Entre manutenção dos serviços e as parcelas da dívida, casa de saúde acumula um déficit superior a R$ 1,1 milhão todos os meses.

Funcionários pedem alimentos
O caso de Everaldo Rodrigues é emblemático. Tanto ele como sua esposa são funcionários do hospital. Até esta segunda-feira, e a previsão é a mesma pela próxima semana, juntos eles receberam menos de R$500,00. "Ainda bem que eu não preciso pagar aluguel ou financiamento. Já estaria desalojado", comenta.

Se antes a administração dava estimativas, hoje não mais. Para quem trabalha, as vezes faltavam insumos básicos como luvas, papel higiênico nos banheiros, exemplificam. No final da tarde desta segunda-feira (19), eles construíram um acampamento, onde são arrecadados alimentos para os colegas. O pedido são por alimentos não perecíveis.

Claudiomar Felix recebeu pouco mais de R$ 150,00. Com esposa e filha, ele questiona: "Vou comprar leite ou pagar uma conta? A gente não está pedindo gorjeta, queremos nosso salário". Com as contas no negativo, a parcela apenas diminuiu o saldo do cheque especial.

Pressa por recursos
Nas consultorias feitas pela administração do hospital, uma semelhança: é preciso um novo recurso para dar fluxo de caixa. Entre os problemas, apesar dos repasses estarem em dia, é o pagamento parcelado nas verbas referentes a média e a alta complexidade. Para cada serviço executado através do SUS, levam 45 dias para ser devidamente quitado pelo poder público.

A folha de pagamento mensal do hospital é de R$ 2,8 milhões para os cerca de mil funcionários. Numa coletiva de imprensa na tarde desta terça, o provedor João Francisco Neves da Silva desenhou um cenário caótico, caso a Santa Casa precise interromper algum serviço através do SUS. "Se fechar setores como traumatologia e maternidade, fica um cenário de caos na região", afirmou. Ao Banrisul, a Santa Casa pede o adiantamento de cerca de R$ 10 milhões, dinheiro suficiente para cobrir três folhas de pagamento e para voltar a produzir o máximo de serviços, contratualizados com o poder público.

As dívidas da Santa Casa
Folha de pagamento e férias em atraso - R$3.757 milhões
Dívidas com FGTS - R$6.807 milhões
Dívida ativa + impostos federais - R$7.342 milhões
Dívida com o INSS incluído parcelamento em atraso - R$8.723 milhões
Credores honorários médicos - R$14.405 milhões (207 profissionais com repasses pendentes)
Credores fornecedores MatMed - R$10.011 milhões (181 fornecedores com pagamentos pendentes)
Dívida trabalhista - R$987 mil
Dívida com a CEEE - R$6.780 milhões
Outros débitos/contas - R$2.932 milhões
Dívidas com bancos - R$26.124 milhões
Total: R$87.872 milhões

Fonte: Balanço apresentado na Câmara de Vereadores de Pelotas.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Saúde e Conselho Nacional de Secretários discutem atuação dos consórcios intermunicipais Anterior

Saúde e Conselho Nacional de Secretários discutem atuação dos consórcios intermunicipais

Próximo

Bolsa Família começa a pagar R$ 2,6 bilhões para beneficiários

Deixe seu comentário